O Simepar – Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná está desenvolvendo um modelo matemático que estimará com antecedência os riscos de desligamentos de energia elétrica causados por eventos meteorológicos severos. Com base em informações de previsão e monitoramento meteorológico de curto e médio prazos, alertas qualificados serão transmitidos à Copel Distribuição em forma de mapa. O processo será automatizado e padronizado. A inteligência de dados integrará informações provenientes do Satélite Goes 16, radares, estações hidrometeorológicas de superfície, detecção de raios e previsões dos modelos numéricos.
A metodologia de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) inova ao aplicar o Gerenciamento Ágil de Projeto (GAP), que integra o cliente ao processo de execução. A Copel Distribuição fornece informações e dados relevantes para a pesquisa, acompanha as etapas de execução do projeto, faz testes e avalia os resultados. Também participam da equipe tecnológica pesquisadores do Centro de Gestão de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (CGPDI), Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal de Pelotas e Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTec/Inpe). Está prevista a realização de um curso de extensão em meteorologia aplicada ao setor elétrico.
PROJETO ESTRATÉGICO
“Este trabalho de Pesquisa & Desenvolvimento com a Copel se enquadra como projeto estratégico do Simepar, que visa
atingir um novo patamar de uso das informações ambientais no setor elétrico em que os dados e as previsões, suas magnitudes e incertezas são combinadas e otimizadas em um sistema de suporte à decisão”, afirma o diretor presidente, Eduardo Alvim Leite.
Por sua vez, o coordenador geral do projeto, César Beneti, destaca o aspecto inovador da iniciativa por conectar o alerta do fenômeno meteorológico ao estudo de impacto por ele causado na principal atividade do cliente: “A expertise do Simepar em climatologia paranaense aliada à alta tecnologia de inteligência artificial gerará um produto melhor, que no futuro poderá ser aplicado a outros setores, como a agricultura e a defesa civil”.
DESAFIO
Segundo o pesquisador e meteorologista Leonardo Calvetti, o mapa mostrará os locais da rede de energia elétrica mais vulneráveis a raios, ventos e chuvas fortes: “Será possível indicar o vento que poderá influenciar o desligamento e quantas unidades consumidoras estarão em risco”.
Para a meteorologista Sheila Paz, “o desafio é gerar um produto de alta resolução, que solucione efetivamente a necessidade da Copel Distribuição de estar preparada para restabelecer o fornecimento de energia elétrica com a maior brevidade possível em caso de um evento
meteorológico extremo”. Um exemplo do problema foi o ciclone extratropical que atingiu o Paraná em 30 de junho deste ano quando 1,6 milhão de clientes da Copel ficaram sem energia elétrica. Três mil eletricistas foram a campo para restabelecer a rede.
PRECISÃO
“O novo modelo será uma ferramenta muito significativa para aumentar a eficiência e aprimorar a qualidade na prestação de serviços, reagindo às ocorrências com a maior precisão possível, pois toda a infraestrutura da rede costuma ser afetada, inclusive pelos eventos de menor magnitude”, observa o gerente da Divisão de Procedimentos de Operação da Copel Distribuição, engenheiro eletricista Marcos Vinicius de Oliveira Cardoso.
Ao receber o alerta qualificado, a Copel Distribuição poderá organizar toda a logística de atendimento, que inclui equipes de eletricistas, técnicos em operação e manutenção, equipamentos, ferramental, materiais e veículos para atuar com agilidade em rompimento de cabos, queda de postes, queima de fusíveis e transformadores, entre outros danos. A empresa tem expectativa de reduzir o indicador DEC – Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora da Copel perante a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O produto de P&D deve estar finalizado em trinta meses. Os resultados serão avaliados continuamente para que o modelo seja calibrado, refinado e ajustado.