Smart grid em foco

Por Grasiele Maia
Edição 59 – Dezembro / 2010

O 19º Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (Sendi) retornou à cidade de São Paulo (SP) depois de 15 anos e foi tomado por debates envolvendo o assunto “smart grid”. Entre os dias 22 e 25 de novembro, cerca de 2,5 mil profissionais compartilharam conhecimentos e conheceram as novidades tecnológicas que foram levadas pelos aproximados 100 expositores do evento. A maioria dessas novidades era voltada para aplicações ligadas a redes inteligentes.

Com o tema “Plataforma do futuro”, o Sendi conferiu uma abordagem especial às redes inteligentes, assunto que dominou muitas das discussões realizadas. Em uma das plenárias, por exemplo, os palestrantes Andrew Weekes, da IBM, Richard Lack, da Kema, e Miriam Alvarez, da consultoria McKinsey, apresentaram as facilidades e os impasses que a Austrália, os Estados Unidos e a Espanha, respectivamente, enfrentaram durante a operacionalização das redes inteligentes.

Na opinião do responsável pela implantação do smart grid na Austrália, o engenheiro sênior da IBM, Andrew Weekes, o planejamento tecnológico é a principal etapa do processo. Isso porque, devido ao volume de dados que as distribuidoras de energia receberão por meio dos sensores, será necessário um projeto-piloto eficaz a fim de facilitar a estruturação. Conforme explica o especialista Weekes, a infraestrutura deve ser capaz de “falar” com a rede e com as diversas formas de execução. Em contrapartida, a não integração e a falta de padronização dessa tecnologia em excesso poderá gerar problemas no andamento dos projetos. Segundo ele, as áreas de tecnologia da informação (TI) e de negócios deverão trabalhar em parceria, dentro das distribuidoras, para que haja um melhor desempenho.

Com o smart grid, a redução do trabalho manual será inevitável devido à automação do trabalho, mas novas áreas surgirão, exigindo profissionais qualificados para operá-las. Weekes sugeriu ainda que as áreas rurais do Brasil sejam incluídas nos projetos-piloto para que possam ser beneficiadas com as redes inteligentes. Ressaltou que o consumidor deve estar ciente de que smart grid vai além da troca do medidor de energia. “É necessário que a concessionária considere as expectativas do cliente durante o projeto, pois, ao contrário do que se imagina, as tarifas tendem a aumentar”, alertou.

Com a mesma abordagem, o diretor da Kema, Richard Lack, enfatizou a importância de se definir valores e expor para o consumidor como funcionarão os medidores inteligentes. “Faz-se necessário informar aos consumidores, por meio de um plano de comunicação efetivo, as reais expectativas de valores que as distribuidoras de energia terão em longo prazo”, analisou. Lack citou o exemplo da Califórnia, onde os consumidores não entenderam a funcionalidade dos medidores inteligentes e buscaram os órgãos responsáveis devido ao aumento da conta de energia. Alertou que as distribuidoras brasileiras não devem usar como parâmetro o custo/benefício dos Estados Unidos e da Europa, pois as agências reguladoras internacionais e as necessidades de mercado europeu são diferentes. E mesmo depois de implantado, o smart grid deve ser objeto de estudo para um contínuo aperfeiçoamento.

Os especialistas lembraram ainda da importância da agência reguladora no processo de implantação das redes inteligentes. “O papel da agência é manter o equilíbrio entre os agentes do setor elétrico, incluindo o consumidor, o governo e as empresas de distribuição de energia”, afirmou o especialista em regulação de serviços públicos de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Márcio Venício Pilar Alcântara. Segundo ele, essa interação entre a Aneel e as empresas de energia de todos os segmentos já é bastante forte no Brasil, diferentemente do que acontece em outros países, como nos Estados Unidos, onde o regulador foi o último a ser consultado sobre o programa de redes inteligentes.

Alcântara lembrou ainda que a Aneel abriu, no mês de dezembro, audiência pública para discutir e definir o novo modelo de medidor de energia a ser instalado em baixa tensão. Este será, em sua opinião, o início do smart grid no Brasil, que deve proporcionar um número maior de pesquisas e projetos de combate às perdas não técnicas de energia elétrica e um aprimoramento nas futuras aplicações de redes inteligentes.

Os trabalhos técnicos apresentados no Sendi abordaram ainda temas como: proteção, controle e automação; relacionamento com clientes; desempenho dos sistemas elétricos; perdas não técnicas; eficiência energética; entre outros. Ao todo, foram 804 trabalhos inscritos, dos quais 282 foram selecionados – 204 presenciais e 78 pôsteres – entre os quais 20 foram premiados ao final do evento (veja mais sobre isso em www.sendi.org.br).

“Como o Sendi engloba concessionários de todo o País, as pessoas têm a oportunidade de conhecer as melhores práticas e as pessoas da mesma área, fazem network e fica mais fácil implementar seus projetos, pois, aprendem as técnicas e minimizam erros em projetos futuros”, avaliou o coordenador técnico do evento Paulo Pranskevicius, da AES Eletropaulo, organizadora do evento.

A próxima edição do Sendi ocorrerá em 2012 na cidade do Rio de Janeiro e contará com a organização da distribuidora Light.

III ExpoRodeio exige conhecimento e qualificação de seus competidores

No lugar do chapéu, o capacete. A terra vermelha deu lugar ao asfalto. Ao fundo, o som do berrante e no palco a imagem de Nossa Senhora de Aparecida. Embora tenha certa inspiração nas tradicionais festas de peão, este rodeio tem as suas particularidades, considerando que aqui os peões são eletricistas. Segurança, qualidade e planejamento são as metas, que, alinhadas ao trabalho rápido e correto, formam a equipe campeã. Trata-se do Rodeio Nacional de Eletricistas”, cuja terceira edição ocorreu paralelamente ao Sendi, em São Paulo (SP).

As tarefas contaram com uma dupla de juízes que avaliou as atividades exercidas. Infrações, como o não uso das luvas de vaqueta, cabeçote não rosqueado e a troca de partes do corpo na rede de baixa tensão não aterrada, foram observadas. A ideia teve origem nos Estados Unidos e há nove anos vem sendo praticada dentro das distribuidoras de energia do Brasil. Agora, as disputas internas é uma maneira de selecionar os profissionais para participar da competição nacional. “É uma forma de motivação e qualificação do eletricista, sem contar a troca de conhecimento que há entre eles”, diz o diretor regional da AES Eletropaulo e coordenador geral da Expo Rodeio, William Fernandes.

Esse ano o Expo Rodeio contou com novidades. Uma delas foi as atividades-show: resgate em torre de transmissão com 18 metros de altura e atividades em câmeras subterrâneas. Com os olhos vendados, o eletricista executava tarefas extras, como carregar três cartuchos de chaves fusíveis com os elos fusíveis e equipar-se com cinto para-quedas completo, luvas de borracha isolantes e capacete de segurança. “Neste ano, as atividades exigiram mais conhecimento e habilidade dos profissionais”, comentou Fernandes. A importância da participação também é percebida pelos competidores: “Não há curso que pague o que aprendemos no rodeio”, declarou o eletrotécnico da equipe vencedora Copel Distribuição, Valderlis da Silva Ramos.

As tarefas executadas para pontuação foram: subconjunto de aterramento temporário na baixa e média tensão; instalação de chave-fusível na cruzeta; instalação de jumper das chaves fusíveis ao transformador e dos jumpers superiores das chaves fusíveis; interligação do transformador na rede de baixa tensão e retirada do subconjuntor de aterramento de baixa e média tensão e conexão dos jumpers superiores na média tensão. “Trein

amos durante 43 dias, fazendo sol ou chuva”, revela o vencedor Ramos.

Em São Paulo, a Expo Rodeio reuniu 1,5 mil pessoas, dividas em 39 equipes de 26 distribuidoras de 18 Estados do País e premiou as cinco melhores equipes. Os vencedores receberam prêmios de R$ 9 mil para o terceiro lugar; R$ 18 mil para o segundo; e R$ 30 mil para o primeiro lugar.

As equipes vencedoras foram:

1º lugar: Copel Distribuição
2º lugar: Copel Paraná
3º lugar: Cemig
4º lugar: AES Eletropaulo
5º lugar: Rio Grande Energia (RGE)

 

 

Legenda – foto 1

Participantes do ExpoRodeio executaram provas que exigiram trabalho em equipe e conhecimento técnico.

 

 

Legenda – foto 2 (do rodeio)

Plenária abordou a implantação da tecnologia smart grid em países como Estados Unidos, Austrália e Espanha.

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