A equipotencialização é o conjunto de medidas utilizadas na proteção contra descargas atmosféricas com o objetivo de reduzir as tensões causadas por elas, não a zero, mas a níveis que possam ser suportados para as instalações e seus equipamentos. Ela é realizada através da interligação entre as partes metálicas da edificação e destas ao Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), diretamente através de condutores, ou indiretamente através de Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS). Os elementos envolvidos na equipotencialização serão, por exemplo, as massas metálicas de equipamentos, condutores de proteção, malhas de condutores instaladas sobre ou sob os equipamentos sensíveis, blindagens de cabos, condutos metálicos, elementos metálicos estruturais e tubulações metálicas.
O Barramento de Equipotencialização Principal (BEP) tem o objetivo de possibilitar a interligação de todos os elementos da edificação que possam ser incluídos na equipotencialização principal. Ele é definido no item 3.24 da parte 3 da norma ABNT NBR 5419:2015, Proteção contra descargas atmosféricas, e será o ponto de interligação dos elementos de equipotencialização ao subsistema de aterramento. Esta interligação deverá ser realizada por condutores de baixa impedância através de ligações as mais curtas e retilíneas possíveis.
Embora seja chamado de barramento, ele não precisa ter fisicamente esta forma, mas deve ser dimensionado para suportar as solicitações mecânicas e elétricas a que será submetido.
O BEP deve ser o primeiro elemento de coordenação entre os vários possíveis barramentos de equipotencialização que venham a existir na estrutura. Mesmo que uma edificação possa ter várias barras de equipotencialização local, ela possuirá apenas uma principal, chamada por isso de BEP. Não basta darmos a um elemento da edificação o nome de BEP que ele assumirá esta função. Uma descarga atmosférica não reconhece nomes e a sua corrente seguirá sempre os caminhos de menor impedância.
Devido à importância da sua localização na edificação, é necessário que o posicionamento do BEP seja definido em projeto o mais cedo possível. O conceito de BEP é simples e fácil de ser compreendido, mas é comum vermos ele não ser instalado corretamente porque não se atentou para a importância do seu posicionamento, achando-se que qualquer seja o lugar em que esteja o BEP ele cumprirá a sua função, o que não é verdade.
E, por último, mas não menos importante, o BEP também aparece no item 3.3.2 da norma ABNT NBR 5410:2014, versão corrigida 2008, Instalações elétricas de baixa tensão. Obviamente em uma mesma instalação será o mesmo BEP para a “5419” e a “5410”, mesmo que o projetista da proteção contra descargas atmosféricas não seja o responsável pelo projeto das instalações elétricas de baixa tensão. As recomendações existentes em ambas as normas seguem os mesmíssimos princípios e são complementares.
*Sergio Roberto Santos é engenheiro eletricista e membro da Comissão de Estudos CE 03:64.10 do CB-3 da ABNT.
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