Edição 63 – Abril 2011
Por Juliana Iwashita Kawasaki
Um dos fatores mais significativos da revisão da ABNT NBR 5413: Iluminância de interiores, que está em andamento no Cobei (CB 3 da ABNT) é a inclusão de requisitos qualitativos para o projeto de iluminação. Dentre eles, um dos mais relevantes é o controle do nível de desconforto por ofuscamento.
O ofuscamento é a sensação visual produzida por áreas brilhantes dentro do campo de visão. E é importante limitá-lo, pois pode causar fadiga visual, erros e até mesmo acidentes. O ofuscamento pode ser classificado como desconfortável, inabilitador ou refletido. O ofuscamento desconfortável geralmente surge diretamente de luminárias brilhantes ou janelas no interior de locais de trabalho. O ofuscamento inabilitador é mais comum na iluminação externa, mas também pode ser experimentado em iluminação pontual ou fontes brilhantes intensas, tais como uma janela em um espaço relativamente pouco iluminado. Já o ofuscamento refletido é aquele causado por reflexões em superfícies especulares, também sendo conhecido como reflexão veladora.
Para controlar o ofuscamento desconfortável e inabilitador, a Comissão Internacional de Iluminação (CIE) define o UGR (Unified Glare Rating), traduzido como Índice de Ofuscamento Unificado. Esse índice é adotado pela ISO 8995-1 Lighting of indoor work places e tornou-se referência para a nova norma brasileira. Na norma são especificados os valores máximos permitidos (UGRL – Limiting Unified Glare Rating) para o Índice de Ofuscamento Unificado para os diversos tipos de aplicações.
Tabela 1 – Exemplos de limites máximos de UGRL para alguns ambientes:
Desenho técnico |
≤16 |
Leitura, escrita, salas de aula, computação, inspeções |
≤ 19 |
Trabalho em indústria, exposições, recepção |
≤ 22 |
Trabalho bruto, escadas |
≤ 25 |
Corredores |
≤ 28 |
Os valores são adotados na seguinte escala de valores: 13 – 16 – 19 – 22 – 25 – 28, em que 13 representa o ofuscamento desconfortável menos perceptível e cada escala anteriormente representa uma mudança significativa no efeito do ofuscamento.
O UGR pode ser determinado por meio de um método tabular, considerando as características fotométricas da luminária no ambiente instalado, as características de refletâncias (teto, parede e piso), a proporção das dimensões do ambiente e do espaçamento das luminárias.
Esse método tabular é baseado na fórmula:
Em que:
– Lb é a luminância de fundo (cd/m2);
– L é a luminância da parte luminosa de cada luminária na direção do olho do observador (cd/m2);
– ω é o ângulo sólido da parte luminosa de cada luminária junto ao olho do observador (esterradiano); e
– p é o índice de posição Guth de cada luminária individualmente relacionado ao seu deslocamento a partir da linha de visão.
No método tabular, o sistema considerado é comparado a uma tabela padrão que lista os valores UGR para 19 salas-padrão e diferentes combinações de refletância para a luminária selecionada. Os cálculos para as 19 salas-padrão são baseados no pressuposto de que os observadores – posicionados no ponto médio de cada parede – observam longitudinalmente e transversalmente as luminárias ao longo dos eixos da sala. A Tabela 2 exemplifica uma tabela UGR.
Tabela 2 – Avaliação de ofuscamento (Exemplo de UGR)
Ao selecionar equipamentos de iluminação adequados, deve-se tomar cuidado a fim de garantir que sejam comparadas apenas as tabelas com a mesma relação espaçamento (S) / altura (H) e o mesmo fluxo luminoso da lâmpada. A norma estabelece a relação S = 1,0 H como referência.
Se nem todas as tabelas UGR estiverem disponíveis ou se as dimensões ou refletâncias são desconhecidas na fase de projeto, o brilho pode ser classificado utilizando-se o valor UGR da sala de referência.
A sala de referência é uma sala de tamanho médio, medindo 4H/8H com teto, paredes e piso com refletâncias de 0,7, 0,5 e 0,2, respectivamente. A comparação dos resultados de diferentes sistemas de iluminação é geralmente mantida desde que os valores UGR comparados sejam computados para um mesmo espaçamento do ponto médio da luminária e para um mesmo fluxo luminoso da lâmpada.
Se a iluminação for composta por tipos diferentes de luminárias com diferentes fotometrias e/ou lâmpadas, a determinação do valor UGR deve ser aplicada para cada combinação lâmpada/luminária da instalação. O maior valor do UGR encontrado deverá ser considerado como um valor típico para a instalação inteira e deve estar em conformidade com o UGR-limite.
Para determinar o UGR, o projetista deverá consultar o fabricante das luminárias. Poderá também, a partir de softwares de cálculo, avaliar o UGR do ambiente com os dados fotométricos das luminárias. Dessa forma, o projetista poderá verificar se seu projeto atenderá às recomendações de limitação do ofuscamento que estarão definidas na revisão da norma.