Prezado leitor, o tema que gostaria de discutir hoje é comando e controle a distância. Antigamente, na saudosa época da eletromecânica, utilizava-se um mar de contatores auxiliares e cabos para se idealizar as lógicas de comando e controle, adicionando-se uma infindável quantidade de chaves seletoras “local-remoto” para se montar um sistema de comando e controle que atendesse aos princípios de funcionamento exigidos nas instalações. Naquele tempo, preocupar-se com a segurança cibernética do sistema de comando e controle era coisa dos filmes de Hollywood.
A evolução dos sistemas digitais trouxe às instalações elétricas os PLCs, computadores lógicos programáveis, que revolucionaram os sistemas de comando e controle por incorporarem toda aquela lógica feita anteriormente de forma eletromecânica para dentro dos computadores e suas placas de IOs, concentrando as decisões e dando flexibilidade aos processos, pois alterações funcionais eram facilmente implementáveis mudando-se apenas as lógicas funcionais dentro dos programas dos PLCs. Entretanto, a eletrônica tem suas limitações, o que obriga a utilização de um arsenal de acessórios para proteção dos computadores contra sobretensões, induções, sobrecargas nas placas de IOs, etc.
Chegamos então à nossa realidade e pergunto: por que não pensar em conectar, monitorar, medir, controlar, proteger, entre tantas coisas que fazemos usando quadros elétricos de baixa e alta tensão, mas utilizando-se dos conceitos da indústria 4.0? Sensores, relés, controladores, drives, isso tudo já não está conectado a redes de dados? Já não acessamos tudo isso apenas com as ferramentas disponíveis nos já consagrados sistemas de automação e controle que caracterizam a terceira revolução industrial? Então, para que serviria essa tal indústria 4.0 em nossas instalações elétricas?
Alguns anos atrás, escrevi nesta mesma coluna uma provocação ao leitor: mas e a segurança de tudo isso? Estaríamos expostos e vulneráveis a ataques cibernéticos, badwares ou vírus, entre outros problemas?
Nestes dois anos que se passaram, estudei o assunto junto a alguns fabricantes e projetistas e cheguei a algumas conclusões:
– Os sistemas não podem ser integrados, ou seja, medição e monitoramento, que são matérias de interesse mais imediato e objeto de desejo quando se trata de gestão dos ativos, para que sejam acessíveis externamente às instalações, devem ter sua base de dados e de acesso segregados da base de dados dos sistemas de comando, controle e proteção, pois não é possível garantir que softwares mal intencionados não acessem nosso sistema quando abrimos as portas para acesso externo no momento de acompanhar dados de medição ou monitoramento;
– Comando, proteção e controle só se faz pela rede local, inacessível pelo mundo externo, e os dados coletados por estes sistemas devem ser armazenados em servidores dedicados a este fim;
– Será mesmo impossível uma rede inexpugnável?
Aguardo sua manifestação a respeito desse assunto para intensificarmos as discussões sobre o tema. Boa Leitura!