Prezado leitor, o tema que gostaria de discutir hoje é a nova ameaça de racionamento de energia, anunciada pelo Governo no início do mês de setembro.
“O Governo Brasileiro anunciou que o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas do país estava abaixo do esperado e que, por isso, não haveria oferta de energia suficiente para atender à demanda, principalmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste”.
Parece notícia velha, e é mesmo. Essa declaração acima é de 2001, vinte anos atrás. Entretanto, em entrevista do Exmo. Sr. Vice-Presidente Gal. Hamilton Mourão em 01/09/2021, sua excelência declarou que o país vive a maior crise hídrica em 91 anos e que “pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento”. Na mesma data, a Aneel determinou taxa extra ainda mais cara nas contas de luz, a chamada “Bandeira tarifária ESCASSEZ HÍDRICA”, e para finalizar, o Governo pediu à Nação um esforço extra de redução do consumo de energia, o que vai ao encontro do que sugeri ao leitor na edição passada ao pedir que considerasse avaliar a afirmação: “a energia elétrica mais barata, com menor impacto ambiental e mais eficiente que existe é a energia economizada”. Mas, até que ponto podemos ou devemos reprimir o consumo de energia sem, com isso, afetar o conforto e as benesses da modernidade?
Pois bem, analisando as três notícias do primeiro dia do mês de setembro de 2021, vamos raciocinar:
– Se vivemos a maior crise hídrica em 91 anos, por que não avisamos a Nação, em meio à maior crise sanitária da nossa História, logo após o período de chuvas findo em março, que os reservatórios estavam vazios e que era preciso racionalizar o consumo desde lá?
– Quanto à declaração do Exmo. Sr. Vice-Presidente, a quem tenho muito respeito e apreço por suas brilhantes colocações, desta vez, não foi feliz. A dois meses do que se espera ser o epicentro do problema, o mês de novembro, nenhuma medida ou conjunto de medidas foi anunciado, ainda que, conforme sua própria declaração, o Governo tenha criado em maio deste ano, “uma comissão para acompanhar e tomar as decisões a tempo e a hora no sentido de impedir que ocorra apagão”. Segundo minha opinião, se em maio, mesmo sem planejamento algum, houvesse sido amplamente divulgada à população a verdade, que estamos sem capacidade de reserva em nossas usinas hidrelétricas e que estas representam a aproximadamente 70% de nossa capacidade de geração, e que naquele momento era necessário já aplicar a “Bandeira tarifária ESCASSEZ HÍDRICA”, talvez politicamente custasse muito, mas o conceito de “Negawatt” teria sido respeitado, pois, estaríamos reprimindo o consumo.
– Quanto ao estabelecimento da bandeira tarifária ESCASSEZ HÍDRICA, na minha opinião, muito tardia, a falta de informação privou a sociedade de tempo de reação. Se em março a população em geral tivesse esta informação, da possibilidade de escassez do recurso “Energia elétrica”, teríamos pelo menos, 9 meses (desde março até novembro) para nos prepararmos, analisando possibilidades de investimento em geração térmica distribuída (moto geradores a diesel ou gás natural particulares), painéis solares fotovoltaicos residenciais ou para autoprodutores, que teriam tempo de colocar em sua análise do custo de investimento o fator “risco de apagão”.
Na Bíblia, no Novo Testamento, no Evangelho de João, em seu capítulo oitavo, versículo 32 temos a seguinte frase: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Se a verdade nos fosse permitida, talvez estivéssemos em uma situação muito diferente. Ah, sem falar sobre planejamento, que não tem sido o nosso forte no século XXI.
A saber se, novamente, Deus ainda é Brasileiro!!!
Boa Leitura!